Dr. Guilherme Gracitelli – A osteocondrite dissecante do joelho (OCD) é uma lesão reversível de origem desconhecida caracterizada pela necrose do osso subcondral (abaixo da cartilagem), que pode levar à separação de um fragmento de cartilagem e do osso do joelho. Mesmo sem causa conhecida, traumas repetitivos durante atividades físicas, isquemia e influência genética estão relacionados à doença.
Geralmente a OCD acomete adolescentes com prevalência de 15 a 29 por 100 mil, sendo predominante no sexo masculino. A maioria das lesões (70%) se localizam no côndilo femoral medial, podendo acometer também o côndilo lateral (15-20%) e a patela (5-10%).
Sintomas da osteocondrite dissecante do joelho
A patologia pode não ter nenhum sintoma inicial, mas eles podem variar desde dor vaga no joelho a sintomas mecânicos devido a um fragmento instável; além de dor com atividade e derrames recorrentes.
Os pacientes podem mancar ou caminhar com a perna rodada para fora e apresentar sensibilidade à palpação local. Pacientes com sintomas mecânicos, derrames, estalidos ou dor com movimento podem apresentar lesões instáveis.
A osteocondrite pode ser classificada em 4 graus de acordo com a gravidade:
- Grau 1: Lesão estável com amolecimento da cartilagem
- Grau 2: lesão estável, mas a cartilagem apresenta descontinuidade parcial da lesão
- Grau 3: Lesão instável, mas não deslocada. O fragmento apresenta descontinuidade em toda a extensão da lesão.
- Grau 4: Lesão instável e deslocada.
Tratamento da osteocondrite dissecante do joelho
O tamanho, localização, estabilidade e sintomas da lesão devem ser considerados para definição do tratamento adequado, que pode ser conservador ou cirúrgico.
Tratamento conservador
O objetivo é promover a cicatrização do osso abaixo da cartilagem para prevenir o colapso, fratura e formação de lesão complexa da cartilagem e dependerá da idade e maturidade esquelética do paciente, bem como do tamanho e da localização da lesão.
Pacientes esqueleticamente imaturos têm maior probabilidade de sucesso com o tratamento conservador, que consiste em modificações das atividades do paciente e limitação das atividades esportivas. Alguns casos requerem a utilização de muletas para retirar o peso sobre o joelho acometido. O tratamento dura cerca de seis a noves meses e caso não haja melhora dos sintomas e os exames não mostrem cicatrização da lesão, pode-se decidir pela cirurgia.
Tratamento cirúrgico
Os objetivos do tratamento cirúrgico são promover a cicatrização do osso subcondral, manter a congruência da cartilagem e fixar os fragmentos instáveis. A cirurgia (artroscópica ou aberta) deve ser considerada nas lesões instáveis ou deslocadas (graus 3 e 4), falha do tratamento conservador e em pacientes próximos da maturidade esquelética.
As lesões estáveis com cartilagem preservada são tratadas com perfurações do osso subcondral para estimular o sangramento local e a cicatrização. Lesões instáveis com fragmentos viáveis devem ser fixadas com pinos metálicos, absorvíveis, parafusos ou palitos ósseos. Nos casos mais avançados de OCD em que o fragmento de cartilagem não pode ser reinserido, opta-se pelo reparo de cartilagem.
Dr. Guilherme Gracitelli (https://www.guilhermegracitelli.com/) é ortopedista especialista em Cirurgia do Joelho que atende no Instituto Wilson Mello em Campinas e em São Paulo.