Dr. Wilson Mello – A lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) não é comum em pessoas idosas, mas ainda assim pode acometer pacientes mais velhos, acima de 60 anos. O grupo de risco são atletas de esportes que têm “giro” sobre o joelho, como futebol, basquete e vôlei. As mulheres têm maior chance de lesar o LCA quando praticam esses esportes, e têm de duas a nove vezes mais chance de lesionar o LCA que homens.

O LCA tem como principal função a estabilização do joelho e as pessoas com lesão nesse ligamento frequentemente apresentam dificuldade em realizar determinadas atividades físicas, em especial as que exigem movimentos rápidos e que envolvem mudança de direção, tais como o futebol, basquete, etc.

Por ser uma lesão traumática, o paciente com suspeita de lesão do LCA deve procurar auxílio médico imediato para afastar algo mais grave e que demande um tratamento de urgência.

A abordagem inicial da lesão do LCA inclui repouso relativo, fisioterapia e medicamentos para controlar a dor e o inchaço. O tratamento definitivo dependerá de vários fatores, como a gravidade da lesão, o estilo de vida do paciente, as atividades que realiza e suas metas de recuperação.

Tratamento conservador

Ele deve ser considerado em pacientes mais velhos ou menos ativos fisicamente, sem lesões associadas, com pouca instabilidade. Normalmente não se reconstrói o LCA de pacientes com artrose avançada e expectativa de baixa demanda física.  Em geral, a pessoa poderá conviver com o ligamento do joelho rompido por toda vida; e 1/3 das lesões de LCA são cirúrgicas, considerando todas as faixas etárias. Entretanto, praticantes dos esportes de risco citados anteriormente, com idade entre 18 e 40 anos, têm 90% de chance de precisar de tratamento cirúrgico.

O tratamento conservador pode ser feito com:

•             Fisioterapia – reabilitação com foco no fortalecimento muscular, equilíbrio e estabilidade

•             Analgesia medicamentosa

•             Repouso

•             Órtese pode ajudar a proteger o joelho na fase aguda

•             Muletas com apoio parcial ajudam a diminuir o processo inflamatório da lesão aguda do LCA

•             Modificação de atividades, evitando as que colocam grande estresse no joelho.

O sucesso do tratamento depende também da aderência do paciente ao programa de reabilitação, que é essencial na retomada das atividades do dia a dia e para recuperar a força e os movimentos do joelho.

Cirurgia

O tratamento conservador pode levar à instabilidade residual no joelho, e para os idosos que desejam manter suas atividades físicas com movimentos rotacionais, ou aqueles com lesões do LCA graves e instabilidade significativa no joelho, recomenda-se a reconstrução cirúrgica do LCA. 

Para algumas pessoas com artrose de joelho mais avançada, não há indicação para cirurgia. Nesse caso deve-se considerar a lesão degenerativa do LCA causada por desgaste, e não por trauma. Na maioria das vezes não há sinais de instabilidade, como falseio, e o tratamento é direcionado para os sintomas da artrose, já que a degeneração do ligamento faz parte do joelho desgastado.

Quais os cuidados que se deve ter para evitar a lesão do LCA?

A grande maioria das lesões do LCA ocorre durante uma súbita mudança de direção, caindo incorretamente, normalmente durante a prática esportiva. Mas também pode ser decorrente de acidentes domésticos que podem romper o ligamento, como atividades em terrenos muito irregulares e pisos escorregadios.

Como os ligamentos de uma pessoa idosa não têm tanta mobilidade, resistência e flexibilidade, eles se tornam mais suscetíveis a lesões, e é preciso tomar bastante cuidado. Uma das melhores maneiras de proteger o LCA é fortalecer as estruturas da articulação com exercícios físicos para corrigir fraquezas, desequilíbrios musculares e de padrões de movimento.

Dr. Wilson Mello é médico ortopedista especialista em Cirurgia do Joelho e líder da equipe do Instituto Wilson Mello. CRM 24.693.