Dr. Daniel Guedes – Já expliquei em post anterior sobre o overtraining, que ocorre quando os atletas tendem a forçar seus limites em busca da performance com um treinamento repetitivo e extenuante sem recuperação adequada, podendo levar à fadiga, dor, declínio no desempenho e possíveis lesões. Na corrida acontece a mesma coisa, com o nome de overruning. Quando o atleta vem exagerando na intensidade do exercício sem que o corpo tenha se recuperado adequadamente da última corrida, o corpo pode apresentar os seguintes sinais:
- Alteração do sono
Não conseguir dormir direito ou acordar muito mais cedo do que o habitual acontece porque o treinamento excessivo interfere nos ciclos biológicos do organismo, dificultando atingir um sono profundo.
- Sensação de pernas pesadas
Ocorre quando os músculos não se recuperam totalmente da última corrida, e à medida que a fadiga aumenta e se acumula, o corpo não consegue voltar a 100% de recuperação antes da próxima corrida, impedindo de manter o ritmo proposto.
- Cansaço
A falta de sono associada ao aumento de hormônios do estresse pode resultar em sonolência constante e queda no rendimento.
- Mau humor
O overruning pode levar à diminuição na produção de determinados hormônios que influenciam o sistema nervoso, gerando aumento dos níveis de estresse e irritabilidade.
- Aumento de episódios de gripes e resfriados
O excesso de treino e aumento das distâncias ou intensidade da corrida podem afetar o sistema imunológico, deixando-o mais suscetível a contrair resfriados, gripe e outros vírus.
- Dores e lesões constantes
Ao aumentar a quilometragem ou a velocidade, é preciso que o corpo tenha o tempo necessário para curar os microtraumas causados pelo treino, para não piorar as dores.
Como prevenir o overruning
As dicas a seguir podem ajudar a praticar a corrida com segurança, sem overruning:
Aumente a planilha de quilometragem gradualmente: adicione ao treino sprints intervalados ou exercícios de alta intensidade para dar aos músculos mais tempo de se adaptar à nova carga.
Faça pausas: não treine pesado todos os dias e inclua exercícios fáceis e intercalados com os treinos intensos, com pelo menos um dia de folga por semana. Faça uma semana de treino mais leve a cada três a cinco semanas de maior intensidade, diminuindo as distâncias de 30% a 40%.
Sono adequado: respeitar o ciclo de sono é fundamental.
Alimentação: o corpo precisa de calorias (combustível) para correr, e a alimentação saudável é essencial para o esporte. Inclua no seu cardápio proteínas magras, carboidratos, legumes e frutas.
Ao perceber estar em overruning, é recomendado fazer uma pausa na corrida por umas três semanas e respeitar o tempo do corpo, caso contrário, pode-se sobrecarregá-lo novamente em poucas semanas, afetando os futuros treinos.
É importante prevenir novas lesões e tratar das já adquiridas com um médico do esporte. Ele será o responsável por aplicar testes funcionais e avaliação biomecânica e orientar sobre o aumento gradual de intensidade e volume do treino, permitindo a prática segura e eficaz da corrida.
Dr. Daniel Guedes é médico ortopedistas especialista em Medicina Esportiva da equipe do Instituto Wilson Mello.
CRM: 130.026
TEO: 12.205
RQE – Ortopedia: 48.292
RQE – Med. Esportiva: 69.776