Dra. Juliana Doering – Os tendões do pé funcionam como “cordas” que conectam os músculos aos ossos do pé, extremamente fortes e resistentes para suportar grandes cargas durante a atividade física.
A tendinopatia é uma lesão de sobrecarga ou por esforço repetitivo que afeta os tendões, gerando muita dor, inflamação, espessamento do tendão e até deformidades ósseas. No tornozelo, é comum em atletas e pessoas que realizam atividades envolvendo movimentos repetitivos do tornozelo (corrida, saltos) e esportes que exigem mudanças rápidas de direção.
Os sintomas podem variar de acordo com a gravidade e a localização da lesão, e incluem:
• Dor no tendão, que em estágios avançados pode ocorrer mesmo durante o repouso;
• Inchaço ou vermelhidão na área afetada;
• Sensibilidade ao toque;
• Rigidez ou diminuição da amplitude de movimento;
• Fraqueza muscular na área afetada.
A tendinopatia tem causa desconhecida e pode resultar de vários fatores, como lesões repetitivas ou traumáticas, sobrecarga de ligamentos e articulações, doenças reumáticas inflamatórias e falta de aquecimento antes de exercícios.
Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvê-la: idade acima de 40 anos, atividades físicas repetitivas e de alto impacto, má postura, sobrepeso/obesidade, diabetes, tabagismo, diminuição da vascularização e sapatos inadequados.
Tratamento
O tratamento inicial é conservador e dependerá do grau e da fase da lesão, da saúde e da demanda que o paciente tem da articulação, sendo individualizado a cada paciente e pode envolver:
• modificação de atividades diárias;
• ajustes biomecânicos;
• exercícios de fortalecimento;
• anti-inflamatórios não hormonais;
• corticosteroides orais por curto período;
• ondas de choque.
Todas essas terapias podem ser usadas individualmente ou associadas, buscando a recuperação no menor tempo possível. O paciente deve reduzir o nível de atividade física para diminuir o esforço repetitivo sobre o tendão, essencial para a recuperação celular.
Nos raros casos nos quais os sintomas não melhoram com o tratamento conservador, opta-se pela cirurgia, que também é indicada quando há ruptura dos tendões.
Como evitar a tendinopatia nos pés
Alterações da pisada como existência de pés planos, pé cavos (com o arco alto) e alterações no ciclo de marcha aumentam o risco de uma tendinopatia. Uma pisada errada, encurtamentos e pequenas alterações que desequilibram a musculatura podem gerar o processo degenerativo; para evitar a lesão é importante usar tênis adequados, não exagerar nos treinamentos e fazer uma avaliação ortopédica.
Embora as tendinopatias sejam comuns, ao apresentar alguns dos sintomas, procure um especialista em pé e tornozelo para evitar a progressão do problema e obter o tratamento adequado.
Dra. Juliana Doering é ortopedista especialista em Pé e Tornozelo da equipe do Instituto Wilson Mello.
CRM 144528 – RQE 58.855