Dr. Gustavo Constantino – A corrida é um esporte bastante popular que vem atraindo cada vez mais novos adeptos, inclusive em idades mais avançadas, quando a artrose de joelho se costuma ser frequente.
A artrose no joelho envolve o desgaste progressivo da cartilagem, que pode causar dor, rigidez e limitações na mobilidade. Fatores genéticos, peso, sexo, idade, esporte praticado e lesões prévias são os principais contribuintes para seu desenvolvimento.
Sintomas no joelho são comuns em corredores, principalmente quando há aumento de ritmo, intensidade e frequência dos treinamentos, mas a relação entre corrida e artrose é complexa, e não há ainda evidências robustas que sugiram ser a corrida uma causa direta da artrose em pessoas saudáveis.
Estudos sobre corrida e artrose
Em uma revisão com mais de 125 mil pacientes, Alentorn-Geli et al. concluíram que a incidência de osteoartrite em corredores recreacionais era de apenas 3,5%, enquanto em sedentários ou aqueles que não corriam era de 10,2%. No estudo, corredores profissionais tiveram incidência mais alta de osteoartrite, sugerindo que a corrida moderada pode ser protetora das articulações. Timmins et al. mostraram também que a probabilidade de um praticante de corrida necessitar de cirurgia para artrose foi 54% menor quando comparado a não corredores.
A corrida de forma moderada parece ser benéfica para a cartilagem, protegendo contra o desenvolvimento e a progressão da artrose, além de melhorar a saúde cardiovascular e mental, controlar o diabetes, melhorar a densidade óssea, controlar o peso etc.
A corrida não aumenta o risco de desenvolver artrose no joelho em pessoas saudáveis. Alguns aspectos podem até beneficiar a saúde das articulações: estimulação da cartilagem – correr pode estimular a produção de fluido sinovial, ajudando a lubrificar e nutrir a cartilagem; fortalecimento dos músculos do joelho – fornecendo uma proteção adicional às articulações; controle de peso – a manutenção do peso saudável ajuda a evitar pressão sobre as articulações.
É preciso observar que a técnica, a intensidade, o volume, ritmo, terreno etc têm papel crucial. Correr sem técnica adequada, em superfícies duras e sem o devido descanso pode aumentar o risco de lesões nas articulações e o surgimento da artrose.
O importante é que o ortopedista avalie a presença de outros riscos para osteoartrite, como obesidade, desvios de alinhamento dos membros inferiores e lesões articulares, que poderão ser mais importantes que a própria corrida e têm que ser tratados.
Referências
Timmins KA, Leech RD, Batt ME, Edwards KL. Running and Knee Osteoarthritis: A Systematic Review and Meta-analysis. Am J Sports Med. 2017 May;45(6):1447-57.
Alentorn-Geli E, Samuelsson K, Musahl V, et al. The Association of Recreational and Competitive Running With Hip and Knee Osteoarthritis: A Systematic Review and Meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2017 Jun;47(6):37390.
Dr. Gustavo Constantino é ortopedista especialista em Cirurgia do Joelho da equipe do Instituto Wilson Mello.
CRM 112.058 – RQE: 116.379